Entenda o impacto da Emenda Constitucional nº 132/2023 e da LC nº 214/2025
A Reforma Tributária, implementada pela Emenda Constitucional nº 132/2023 e detalhada pela Lei Complementar nº 214/2025, representa uma das mudanças mais profundas no sistema tributário brasileiro. Se você é empresário, contador ou profissional liberal, entender como essas mudanças vão afetar o seu negócio é essencial para se adaptar e aproveitar possíveis benefícios.
Neste artigo, vamos responder à pergunta que muitos empresários estão fazendo: como a Reforma Tributária vai afetar meu negócio?
O que mudou com a Reforma Tributária?
A principal mudança é a substituição de cinco tributos: ICMS, ISS, IPI, PIS e Cofins serão extintos e darão lugar a dois novos tributos sobre o consumo:
- CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) – de competência federal;
- IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) – de competência compartilhada entre estados e municípios.
Esses dois tributos formam um modelo de IVA (Imposto sobre Valor Agregado), adotado em diversos países por sua maior simplicidade e eficiência.
Quais são os impactos diretos para empresas?
1. Fim da cumulatividade
Um dos maiores problemas do sistema atual é a cumulatividade, ou seja, a cobrança de tributos em cascata. Com a nova sistemática da Reforma Tributária, a CBS e o IBS serão não cumulativos, permitindo o crédito integral de tributos pagos em etapas anteriores da cadeia produtiva.
→ Na prática: isso reduz o efeito de “tributo sobre tributo”, diminuindo o custo final para o consumidor e aumentando a competitividade das empresas.
2. Simplificação no cumprimento de obrigações acessórias
Atualmente, empresas precisam lidar com diferentes legislações e alíquotas para ICMS (estadual), ISS (municipal), PIS e Cofins (federais). Com a unificação:
- As obrigações serão centralizadas;
- A escrituração fiscal será mais padronizada;
- Reduz-se o risco de autuações por erros formais.
→ Isso representa menos tempo e custo com contabilidade e compliance tributário.
3. Transição gradual até 2033
A mudança será feita de forma escalonada:
- CBS começa a ser cobrada parcialmente a partir de 2026;
- IBS entra em vigor progressivamente até 2033;
- Durante esse período, os tributos antigos e os novos coexistirão, com ajustes graduais.
→ É importante um planejamento tributário estratégico para não ser pego de surpresa durante a transição da Reforma Tributária.
4. Impacto nas alíquotas
Embora a alíquota final da CBS e do IBS ainda esteja em definição, estima-se que o percentual total fique entre 25% e 27%. Isso pode representar um aumento para alguns setores e uma redução para outros.
→ Setores mais intensivos em mão de obra e com margens menores, como serviços, podem sofrer mais impacto. Já setores industriais tendem a se beneficiar pela recuperação de créditos.
5. Setores com regimes específicos
Alguns setores terão tratamento diferenciado, como:
- Educação, saúde e transporte público;
- Produtos da cesta básica;
- Simples Nacional (que será mantido, mas com regras próprias de não cumulatividade).
→ Avalie se sua empresa se enquadra em algum desses setores para verificar possíveis isenções ou alíquotas reduzidas.
Como me preparar para as mudanças?
Veja algumas dicas práticas:
- Revise os contratos atuais com fornecedores e clientes, adaptando cláusulas tributárias.
- Atualize o sistema contábil e fiscal para lidar com as novas exigências.
- Invista em capacitação da equipe contábil sobre a CBS e o IBS.
- Converse com seu advogado tributarista sobre planejamento fiscal.
- Investa em planejamento de cenários com um advogado tributarista para entender como será sua transição.
Conclusão
A Reforma Tributária traz simplificação, maior transparência e possibilidade de ganho de eficiência tributária. Por outro lado, também exige atenção, adaptação e um bom planejamento para evitar prejuízos.
Quer continuar acompanhando os impactos da Reforma Tributária no seu negócio? Nos próximos artigos, vamos aprofundar temas como as alíquotas previstas, tratamentos setoriais diferenciados e o funcionamento prático do IBS e da CBS.
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