Quais serão as alíquotas dos novos impostos da Reforma Tributária e como impactará as empresas?

alíquota

Entenda as alíquotas da Reforma Tributária sobre o Consumo, aprovada pela Emenda Constitucional nº 132/2023 e regulamentada pela Lei Complementar nº 214/2025, está criando o modelo mais moderno de tributação já aplicado no Brasil: o IVA Dual.

Nesse novo sistema, dois tributos substituirão PIS, Cofins, ICMS e ISS:

  • CBS – Contribuição sobre Bens e Serviços, de competência federal;
  • IBS – Imposto sobre Bens e Serviços, de competência estadual e municipal.

Uma das maiores dúvidas dessa Reforma é seguinte:
Afinal, qual será a alíquota do IVA (IBS + CBS)? Ela vai ficar cara?

Apesar de ainda não existir definição final, já é possível entender as estimativas, expectativas do mercado e impactos diretos nas empresas.


1. Já existe uma alíquota definida para o IBS e a CBS?

Ainda não.
A alíquota final será definida após estudos de carga tributária e calibração na fase de transição.

Porém, há estimativas que servem de referência. Hoje, os estudos técnicos apontam para:

  • Alíquota somada (IBS + CBS): entre 26% e 28%, aproximadamente.

Esses percentuais não são arbitrários, eles seguem o princípio da neutralidade tributária, que determina que a reforma não pode aumentar a carga total do país.

Assim, a alíquota final será calibrada para equilibrar a soma dos tributos que estão sendo extintos, mantendo o peso tributário próximo ao atual (na verdade, esse deveria ser o objetivo!).


2. Por que a alíquota parece “alta”?

Essa é uma dúvida muito comum.
A explicação está no próprio conceito de IVA, que:

  • é não cumulativo,
  • com créditos amplos,
  • e é cobrado por fora (destacado na nota).

Hoje, muitos tributos são cobrados por dentro, o que esconde a alíquota real na formação do preço. Com o novo modelo, a tributação fica transparente e separada do valor da operação, como acontece em países da OCDE.

Assim, mesmo que a alíquota pareça maior, o impacto no preço final não necessariamente será, pois a base de cálculo será mais transparente.


3. Como a alíquota será dividida entre IBS e CBS?

A tendência é algo como:

  • CBS: aproximadamente 12% a 14%;
  • IBS: aproximadamente 12% a 14%.

Esses valores são estimativas utilizadas em análises técnicas, e podem sofrer ajustes até 2033.


4. Haverá setores com alíquota reduzida?

Sim.
A Lei Complementar criou reduções de até 60% da alíquota padrão para setores considerados essenciais, como:

  • Saúde
  • Educação
  • Transporte público
  • Produtos da cesta básica (alíquota 0)
  • Entidades beneficentes
  • Serviços financeiros (regime específico)

Esses regimes existem para preservar direitos fundamentais e acessibilidade.


5. Como a alíquota da reforma afetará o dia a dia das empresas?

a) Aumento da transparência tributária

Com o IVA cobrado por fora, empresas terão mais clareza sobre a carga tributária real, facilitando:

  • formação de preços,
  • negociação com fornecedores,
  • e análise de margens.

b) Crédito amplo e não cumulatividade real

O novo modelo permitirá que praticamente todo imposto pago na cadeia seja creditado. Isso reduz litígios e evita discussões como “insumo x não insumo”, que prejudicavam empresas no PIS/Cofins.

c) Mudança na precificação

Muitas empresas precisarão recalcular preços, pois:

  • setores antes favorecidos por benefícios estaduais podem perder incentivos;
  • outros setores ganharão competitividade com créditos mais amplos.

d) Impacto no fluxo de caixa

Com o split payment previsto na reforma, parte da tributação poderá ser retida automaticamente no momento do pagamento da operação. Isso exige preparação financeira e de sistemas.

e) Adaptação tecnológica obrigatória

ERP, sistemas de faturamento e NF-es precisam ser adaptados ao novo padrão de IBS/CBS.


6. O que as empresas devem fazer já em 2025?

Embora a alíquota final ainda dependa do Senado, empresas já podem iniciar:

  • análise do impacto setorial;
  • revisão de contratos com fornecedores;
  • compliance fiscal;
  • atualização de sistemas;
  • mapeamento de créditos atuais e futuros.

Quem se preparar agora estará anos à frente da concorrência.


Conclusão: alíquotas serão calibradas, mas empresas já precisam se preparar

A alíquota do IVA ainda não está fechada, mas já é claro que o Brasil adotará um modelo moderno, transparente e mais alinhado ao padrão internacional.

As empresas precisam se preparar para novas bases de cálculo, novas regras de crédito e novas obrigações, pois isso determinará competitividade e segurança jurídica nos próximos anos.

Nosso escritório acompanha de perto todas as etapas da regulamentação do IBS e da CBS, oferecendo orientação estratégica para que empresas de todos os portes se adaptem ao novo sistema com previsibilidade, ética e segurança jurídica.

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